JOÃO SEM MEDO

23/07/2011 20:09

 Quando eu tinha dez anos de idade, morava em companhia dos meus pais no povoado Várzea dos Espinhos. No mesmo povoado morava também o fazendeiro Henrique Ribeiro do Amaral.   

 

 Diariamente às 18 horas, adultos e crianças reuniam-se na residência do  seu Henrique e dona Josefa, para debulhar feijão e às 21 horas comer coalhada com farinha e rapadura.    

Aristóteles, um dos filhos do casal, vivia do abate e venda de ovinos e caprinos, e anunciava da seguinte maneira: “Olha o bode e o carneiro gordo, filho de uma égua.”

 

Acometido de uma doença incurável, o senhor Henrique faleceu antes de completar 50 anos de idade, deixando viúva dona Josefa, mulher bonita e alegre. 

 

Não demorou muito, apareceu no povoado um tocador de viola, que usava o nome falso de Nestor Vasconcelos, que conseguiu hospedagem na residência de dona Josefa.

 

Os senhores Jacob Ribeiro do Amaral, Florêncio Ribeiro do Amaral, Argemiro Ribeiro do Amaral  e Manoel  Ribeiro do Amaral, cunhados de dona Josefa, notando que estava existindo bastante intimidade entre o Nestor e a viúva, resolveram expulsar o hóspede. 

 

Um dia, depois de uma  reunião, os cunhados invadiram a residência  da viúva, quebraram a viola do Nestor ,arrastaram-no  para o meio da rua, escoltaram-no por quase duzentos metros, gritando :”se arretire seu Nestor até dia de juízo“.  Isto acompanhado por muitos curiosos.

 

Quem apareceu disposto a conquistar o amor de dona Josefa foi João Balbino Mineiro, que segundo a voz do povo, tinha poderes mágicos e sobrenaturais. Casaram, tiveram um filho  que foi batizado com o nome de João Balbino Filho.

 

Boêmio inveterado passando a  atender pela alcunha de João sem medo. Parceiro de Chico Hermeto, músico e seresteiro, João sem medo foi acometido de tuberculose pulmonar, e uma ferida incurável na perna direita. Morreu mendigando pelas ruas de Guaraciaba do Norte.

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